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O brasileiro Peter Knoblauch, 70, morreu em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, na terça-feira (13), em decorrência da Covid-19. O velório foi na igreja São Francisco de Assis e o sepultamento aconteceu nesta sexta-feira (16), às 15h (10h pelo horário de Brasília), no cemitério Dubai Christian Cemetery, Jebel Ali.

O brasileiro era artista plástico e morava em São Paulo. Ele tinha ido visitar a filha que vive no país desde 2016 e buscar inspirações para novos trabalhos.

Acompanhando da mulher, decidiram passar um mês nos Emirados Árabes. No último dia da viagem, os dois foram diagnosticados com o novo coronavírus.

Knoblauch teve piora no quadro clínico, teve que ser hospitalizado e intubado. Permaneceu 31 dias internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), de um hospital particular de Dubai.

A filha Maria Luiza Knoblauch, na manhã de hoje, emitiu uma carta aberta ao povo dos Emirados Árabes Unidos e em memória ao Sheikh Zayed bin Sultan al Nahyan.

Para nossa equipe de reportagem, ela explicou que o Governo dos Emirados custeou as despesas do tratamento e do funeral do pai, “O meu pai viajou com um seguro viagem, mas o Governo nos surpreendeu. Ofereceu o mais avançado tratamento e no maior hospital do país. Infelizmente, o meu pai não resistiu, mas sou muito grata ao Emirados por tudo o que foi feito pela minha família”, disse Maria Luiza.

Leia na íntegra os agradecimentos;

Maria Luiza Knoblauch agradece os Emirados Árabes Unidos pelo acolhimento e ressalta o importante papel da Embaixada do Brasil. Imagem: Divulgação

“Carta aberta ao povo emirati. Em especial para V.A. Sheikh Zayed (em memória)  e meu irmão Mohammed

Nasci no Brazil, me chamo Maria Luiza Knoblauch, vim de longe para realizar um sonho que tive há muitos anos atrás, inspirada por um emirati e um grande amigo e mestre meu.

A busca da realização deste sonho me levou a explorar e descobrir o mundo como nunca tinha imaginado… Fui morar na floresta amazônica com índios, fui parar até na NASA nos EUA para realizar meus sonhos e projetos. Mas foi aqui nos Emirados que reconheci dentro de mim o que eu tanto buscava, de emoções vividas desde a infância e nos meus sonhos fractais.

Aqui trouxe minha família para conhecer este povo emirati e meus irmãos de vida. Meus pais pegaram COVID-19 em seu último dia de estada aqui, data do aniversário da minha mãe 13.03.1947.

Este Ramadan está sendo especial para mim e minha família. Meu pai Peter Knoblauch veio a falecer no primeiro dia do Ramadan 13.04.2021… Neste dia, as 3 mulheres da vida dele (eu, minha irmã e minha mãe) sentimos que ele escolheu vir para Dubai para se conectar na vida eterna com Deus. Com muita paz, decidimos enterrar ele aqui em um solo que habita um povo que nos dedicou tanto amor e carinho. Que Deus esteja com ele. Muito obrigada embaixada brasileira por nos permitir isso.

Aprendi a viver a vida prática e a Vida, no sentido maior, antes da morte do meu pai. O amor dele por nós e nosso amor por ele me ensinou a como morrer para viver a Vida eterna junto a Deus. Ele foi e sempre será um ser humano feliz, amado, que amou e fez amigos neste planeta Terra.

Os Emirados Árabes Unidos e Dubai em especial acolheram meu pai no melhor hospital possível e cuidaram dele como se fosse alguém que nasceu aqui. O que me mostrou que realmente somos todos irmãos e moramos na mesma “terra”, neste lindo planeta Terra.

Aqui reconheci a força da oração, do amor, da fé dos diferentes povos e religiões e o poder da tecnologia para propagar informações boas.

Pessoas de todas as religiões, origens e idades se reuniram em pensamento ao redor do mundo em uma única fé para que acontecesse o melhor para meu pai segundo a vontade de Deus. Também oramos para este país abençoado que não distingue raça, cor ou religião continuasse a inspirar outros países. Somos todos irmãos sob a força divina e filhos do nosso pai eterno.

Aqui reconheci o poder de ser grata por tudo, mesmo quando tudo parece desabar.

Aqui reconheci que a vida passa rápido e que não temos tempo para perder para amarmos uns aos outros, inovar com formas de trabalhar com coisas que melhorem o mundo e espalhem o bem, ajudar quem precisa. Acima de tudo

não temos tempo a perder por sermos gratos a Deus por podermos oferecer nossas vidas como utilidade pública em prol do amor, fraternidade e bondade.

Aqui reconheci minha melhor versão de mim mesma, muito mais forte e melhorada.

Aqui tambem reconheci amigos verdadeiros que hoje chamo de irmãos.

Aqui abri minha empresa e falhei. Com esta experiência me reconstruí, levantei, falhei novamente e me levantei pela terceira vez muito mais forte. Hoje estou de pé, firme e forte com o irmão que sempre quis ter ao meu lado.

Aqui reconheci o valor e o preço das coisas.

Aqui reconheci a existência de um povo que acredita que coisas impossíveis podem ser possíveis e boas para todos. Com isso me acalmei por ter encontrado um povo harmônico com minhas ideias.

Aqui reconheci um povo amoroso, visionário, dedicado, forte, ousado, que tem fé, que acredita em Deus, que acredita em ideias, que estão ligados na ancestralidade mas conectados com o futuro, que acontece agora.

Aqui reconheci o amor e aprendi a ser amada e ajudada quando cai. Sempre fui a super mulher que fez tudo por todos, mas aqui a vida me mostrou que não é sempre assim, mas que com amigos, sim é possível ser uma super mulher pois juntos somos mais fortes.

Por fim, dia 09.April.2021 fiz 40 anos. Espero que em 2071 eu esteja lúcida, feliz com saúde e cheia de vida. Vivendo, ensinando, aprendendo sobre a vida, Vida e Amor.

Desejo vida eterna aos emirados e que 2071 seja um ano marco no mundo que através do amor o impossível é possível.

Devo realizar este futuro desde já, porque o futuro é agora e “se depender de mim, até a última gota”.

Maria Luiza Knoblauch

(filha do Peter Knoblauch , Maria Jose Borges Knoblauch, irma da Grace Knoblauch Bossert e do irmão de coração Mohammed A. M. A. Almannaee)”