O coronel Haitham Dinnawi, comandante da marinha libanesa, disse aos jornalistas que o barco era velho e só era capaz de transportar seis pessoas. Imagem: APF
As buscas continuam neste domingo (24) por possíveis sobreviventes de um barco que transportava mais de 60 pessoas que afundou na costa de Trípoli, no norte do Líbano, no final da noite de ontem, elevando o número de mortos para 14, informou a mídia estatal. Entre elas, uma criança.
Os resgatados foram tratados no local, enquanto outros em situação mais grave foram levados para hospitais próximos, disse o exército. Uma pessoa foi detida por suspeita de ser contrabandista de pessoas.
Nissrine Merheb também estava esperando notícias de seus dois primos e seus filhos que estavam no barco.
“O povo de Trípoli está destinado a morrer. Mesmo quando estamos tentando fugir da imundície dos políticos e de sua corrupção … a morte nos alcança”, escreveu ela em um post no Facebook.
Os sobreviventes acusam a marinha libanesa de provocar o naufrágio. Eles disseram que um navio militar bateu em seu barco de migrantes duas vezes, danificando-o, em um esforço para forçá-lo a retornar à costa.
Em coletiva de imprensa, o comandante da Marinha Libanesa, coronel Haitham Dannawi, informou que o barco que afundou, feito em 1974, é pequeno, dez metros de comprimento e 3 metros de largura, e a carga permitida é de apenas 10 pessoas e não há meios de segurança nele, e por isso a o naufrágio era inevitável e não havia como escapar.
“Por causa do peso extra, o barco afundou rapidamente e se não estivéssemos perto deles, não teríamos sido capazes de salvar 45 pessoas”.
Ele ainda explicou que “nenhum erro técnico ocorreu da nossa parte, e há alguns partidos que estão tentando politizar essa questão porque é uma temporada eleitoral. O barco que afundou estava carregado com mais de 15 vezes sua carga permitida”, reforçou o coronel.
Entre os mortos estão libaneses e sírios
O Líbano foi um país que mais acolheu refugiados, mas, desde um colapso financeiro que começou no final de 2019, as pessoas têm saído em barcos na tentativa de atravessar o Mar Mediterrâneo para a Europa.
Os migrantes pagam aos contrabandistas milhares de dólares pela viagem. Centenas chegaram aos países europeus, enquanto dezenas de outros foram parados e forçados a voltar para casa pela marinha libanesa. Inúmeras pessoas perderam suas vidas nos últimos três anos.