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Consul Geral do Líbano em São Paulo recebe título de Cidadão Paulistano e reforça laços históricos com a maior comunidade libanesa fora do Líbano

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Cônsul recebendo o título de Cidadão Paulistano. Imagem: Consulado do Líbano - SP

Na noite da última segunda-feira (12), no Brasil, o cônsul geral do Líbano em São Paulo, Rudy El Azzi, foi homenageado com o título de Cidadão Paulistano, em cerimônia solene na Câmara Municipal. A indicação partiu do vereador Rodrigo Goulart e reuniu líderes religiosos, representantes da comunidade libanesa e autoridades, que lotaram a plenária em um momento carregado de simbolismo e reconhecimento.

Rudy e o vereador, Rodrigo Goulart. Imagem: Consulado do Líbano – SP

O título, um dos mais relevantes concedidos pela cidade de São Paulo, traduz a importância do papel desempenhado pelo cônsul desde que assumiu a jurisdição que abrange os estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rondônia e Mato Grosso. São Paulo é a cidade com o maior número de libaneses e descendentes no mundo, seguida por Foz do Iguaçu (PR), o que confere à função consular uma relevância singular.

Aplaudido de pé pelos presentes, Rudy El Azzi tem sido uma figura de articulação, proximidade e escuta. Seu trabalho, centrado no fortalecimento dos vínculos culturais e institucionais entre Brasil e Líbano, foi publicamente celebrado como um marco de presença diplomática ativa e comprometida.

O auditório estava lotado de representantes da comunidade, líderes religiosos e autoridades. Imagem: Consulado do Líbano – SP

Ao receber o título, Rudy não apenas passa a ser um cidadão paulistano de direito, mas reafirma sua condição de liderança respeitada e atuante em uma das metrópoles mais influentes do planeta. Em tempos de reconstrução de pontes e reafirmação de identidades, a homenagem assume contornos que vão além da diplomacia: representa o reconhecimento da memória, da contribuição e da permanência libanesa no Brasil.

Acompanhem o discurso do cônsul

O discurso do cônsul emocionou os presentes. Imagem: Consulado do Líbano SP

Boa noite,
Desejo inicialmente cumprimentar a Presidente desta
sessão Exma. Sra. Vereadora Edir Sales e por meio dela,
estendo meus cumprimentos a todas as autoridades
presentes, aos colegas, às lideranças religiosas, presidentes
de associações e clubes, membros da comunidade libanesa
e amigos brasileiros que prestigiam esta sessão solene de
entrega do título de Cidadão Paulistano.

Nesta ocasião tão significativa, refleti bastante sobre o que
deveria dizer em meu discurso, para não deixar de fora
nenhum aspecto importante. Cheguei a considerar o uso da
inteligência artificial, uma ferramenta cada vez mais
presente em nossas vidas profissionais e pessoais, que
poderia me auxiliar com ideias ou correções linguísticas, já
que, mesmo após sete anos no Brasil, ainda não considero
meu português perfeito. Afinal, nem todo cidadão domina
todos os detalhes desse idioma tão rico.
Contudo, optei por não utilizá-la, por um motivo simples:
acredito que nada nem ninguém pode expressar com
exatidão os sentimentos de orgulho e alegria que carrego
hoje ao receber este título, tão valioso para mim como
diplomata e como pessoa.

Este título claro, não é apenas uma homenagem pessoal.
Entendo que ele se estende ao meu país, o Líbano, e à
comunidade libanesa nesta querida cidade e em todo o
Brasil. É, sem dúvida, uma expressão de reconhecimento e
solidariedade a um país sofrido, que, desde 2019, tem
enfrentado crises e conflitos profundos. É uma homenagem
ao meu povo libanês, que merece viver em paz e
interromper o sangramento contínuo de sua história — um
objetivo que esperamos alcançar com a tão aguardada
estabilidade política.

Parte desse povo chegou ao Brasil há cerca de 150 anos e
contribuiu imensamente para o engrandecimento do país,
participando ativamente da vida econômica, política, social
e cultural. Encontraram aqui um refúgio, oportunidades e,
acima de tudo, braços abertos. Esses braços abertos
simbolizam a grandeza desta nação, que acolheu e permitiu
que tantos pudessem retribuir com trabalho e dedicação
tudo o que lhes foi oferecido.

Como não agradecer essa troca, se em quase toda mesa
brasileira há um prato que nos une pela culinária. Ou se, por
meio das famílias que se entrelaçaram, a integração dos
imigrantes se deu de forma natural e enriquecedora. Um
simples passeio por São Paulo revela nomes de origem
libanesa em cada bairro, em ruas, em praças — um Cedro
aqui, uma homenagem ali. Nada é mais simbólico do que o
fato de a maior avenida com nome de país estrangeiro nesta
cidade se chamar Avenida República do Líbano.
Um país pequeno em geografia, mas imenso em história,
em legado, e com uma diáspora forte, especialmente aqui,
em São Paulo — meu lar nos últimos anos.

Como Cônsul-Geral, tive a honra de representar meu país e
servir à nossa comunidade. Além dos serviços consulares,
busquei fortalecer os laços entre o Líbano e o Brasil, apoiar
associações, clubes e grupos, promover intercâmbios
culturais, organizar viagens para que brasileiros
conhecessem o Líbano, fomentar parcerias com instituições
brasileiras e com a sociedade civil. Através dessas ações,
conseguimos manter viva a chama da cultura libanesa e
intensificar as trocas entre nossos povos.

Nesta trajetória, agradeço profundamente à nossa
comunidade: com seu apoio, mantivemos uma presença
ativa e significativa nesta cidade, permitindo, inclusive, que
nossa bandeira fosse hasteada na Avenida Paulista — um
gesto simbólico e poderoso de amizade entre as duas
nações.
Agradeço a minha família e também, a dedicada equipe do
Consulado, com quem compartilho esta honraria. E sou
grato a cada pessoa que me apoiou e facilitou meu trabalho
com conselhos, colaboração e amizade.

Muito obrigado a todos os presentes. Cada experiência
vivida aqui contribuiu para meu crescimento pessoal e
profissional, e todas as conquistas alcançadas nesses anos
são fruto de um trabalho conjunto — que, espero, facilite o
caminho dos que virão depois de mim.
Agradeço ao povo brasileiro, povo-irmão e à cidade de São
Paulo, cuja Câmara Municipal decidiu, na legislatura
anterior, me conceder este título — adiado por razões
sanitárias e celebrado hoje com ainda mais emoção.