Beirute – O sul do Líbano voltou a ser alvo de ataques aéreos na madrugada desta terça-feira (02). Um drone israelense lançou explosivos sobre uma casa residencial na cidade de Aitaroun, região próxima à fronteira, conforme informou a Agência Nacional de Notícias do Líbano. O artefato foi lançado de um posto israelense recém-instalado em Jabal al-Bat, pouco depois da meia-noite, segundo informações das autoridades locais.
O ataque ocorre em meio à crescente preocupação humanitária e de segurança que se arrasta desde o cessar-fogo firmado entre o Hezbollah e Israel. No período de um ano após o acordo, organismos internacionais contabilizaram aproximadamente 10.000 violações israelenses no território libanês, configurando um cenário de guerra contínua apesar da existência formal de uma trégua. Os registros incluem incursões aéreas, ataques por drones, sobrevoos de combate e bombardeios localizados.
A escalada militar já fez mais de 127 vítimas civis desde o fim oficial das hostilidades. Entre as vítimas estão moradores, trabalhadores da reconstrução civil, agricultores e crianças, expostos às ofensivas mesmo em horários em que não há combates diretos. Organizações internacionais afirmam que o número tende a ser ainda maior devido à dificuldade de coleta de informações em vilas remotas do sul, especialmente nas áreas de Marjayoun, Bint Jbeil e Nabatieh.
Aitaroun, alvo do ataque desta madrugada, é um dos municípios que mais sofreram incursões desde o fim da trégua. Moradores descrevem uma rotina marcada pelo medo, principalmente à noite, quando drones militares passam a operar mais intensamente. Apesar dos apelos de autoridades libanesas e de organizações humanitárias, nenhuma medida diplomática significativa foi adotada para conter os ataques.
Representantes civis no sul afirmam que a população vive uma guerra não declarada. As ofensivas mantêm escolas fechadas, ampliam a migração interna e aprofundam o colapso econômico nas áreas rurais. O ataque desta madrugada reforça o alerta sobre a fragilidade da paz regional e o risco de um novo ciclo de confrontos em larga escala.
A ONU e outras entidades internacionais voltaram a reivindicar respeito ao direito humanitário internacional e proteção de civis, lembrando que residências, escolas e infraestruturas sociais não podem ser classificadas como alvos militares.
Do sul a Beirute, relatos de bombeiros, equipes médicas e autoridades locais indicam que a situação humanitária está se deteriorando em ritmo acelerado. A população teme que os próximos meses tragam um novo enfrentamento direto entre Hezbollah e Israel.







