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Brasileiras se manifestam em prol de Mona Majzoub

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Mona permaneceu presa por quase quatro meses e sem nenhuma prova que pudesse incriminá-la, afirmam os advogados da família. Imagem: Arquivo Pessoal

Pacientes no Brasil que estão em tratamento ou já tiveram câncer se manifestaram em prol de Mona Abdul Latif El Majzoub. Elas pedem que o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, por meio da representação diplomática em Beirute, intervenha e consiga fazer com que o Líbano possa autorizar que Mona retorne ao Brasil para dar continuidade ao tratamento contra o câncer em São Paulo.

Nelly Antunes, de Foz do Iguaçu (PR), teve câncer de mama e é hoje, uma grande liderança dentro dos movimentos de combate ao câncer no seu município. Ela pede ao presidente que Mona consiga viajar até o Brasil.

“Presidente, sou a Nelly, brasileira de Foz do Iguaçu, estou pedindo para que o senhor ajude a Mona voltar para o Brasil e dar continuidade ao tratamento contra o câncer. Eu sei o que é ter câncer e com muita propriedade, posso dizer que não é fácil. Ela precisa ter acesso ao tratamento e continuar vivendo”, diz Nelly no apelo ao Bolsonaro.

Ivonete Gomes, de Diadema (SP), luta contra um câncer há 15 anos e sabe muito bem os desafios da doença. Ela também se dirigiu ao presidente brasileiro.

“Cada segundo na vida de um paciente faz muita diferença. Imagina semanas, meses. Por favor, libere a Mona,” pede Ivonete.

Mona mantém residência fixa na cidade de São José dos Campos, interior paulista. Ela é libanesa com nacionalidade brasileira e faz tratamento contra um câncer ósseo. O câncer é uma doença crônica, que pode exigir tratamento por anos. Há nove meses ela está impedida de deixar o Líbano por ter presenciado um atendado, que resultou na morte de uma outra mulher, na noite de 23 de agosto passado, na região do Vale do Bekaa.

Sem provas que pudessem incriminá-la, Mona acabou ficando presa por quase quatro meses e foi liberada no início de dezembro após pagar fiança no valor de 200 dólares.

A liberdade chegou para que Mona pudesse dar continuidade ao tratamento contra o câncer, mas no atual cenário econômico do Líbano, conseguir medicação oncológica é muito complicado.

O tratamento do câncer é agora uma luta que enfrenta uma crise econômica

Grande parte dos medicamentos está se esgotando em meio ao colapso econômico que o país vem experimentando desde 2019. Essa desvalorização da moeda influenciou negativamente o acesso dos pacientes ao tratamento oncológico. Médicos e enfermeiros altamente qualificados estão deixando o Líbano.

“Pacientes com câncer no Líbano sofrem de genocídio sistemático. Todos os pacientes com câncer correm o risco de morrer porque é quase que impossível conseguir medicamentos necessários,” diz o oncologista e hematologista, Jean Sheikh.

O caso da Mona não é isolado. Joseph Makdessi, chefe do Departamento de Hematologia e Oncologia do Saint George Hospital University Medical Center, estima que muitos pacientes com câncer não conseguiram obter seu tratamento nos últimos meses.

O que diz o Brasil?

Por meio de nota, o Itamaraty nos informou que está acompanhando o caso e que por ela ser cidadã libanesa, limita assistência consular que pode ser prestada no caso.

“O Ministério das Relações Exteriores está ciente do caso e, por meio da Embaixada do Brasil em Beirute, tem buscado prestar a assistência consular cabível aos cidadãos brasileiros, em conformidade com a legislação local e com os tratados internacionais vigentes.”

O Marido

As equipes de advogados brasileiros e libaneses continuam sem acesso ao processo, informou os familiares. Khaled Mohamad Majzoub que também precisa de assistência médica, segue preso em Joub Jannine, no Vale do Bekka.

O processo corre em segredo de justiça, informou o Ministério das Relações Exteriores do Brasil. No período de nove meses, tempo que Majzoub permanece na prisão, o Setor Consular enviou uma única vez um representante brasileiro para acompanhar o tratamento que ele está recebendo.

A visita ocorreu no último dia 19 de fevereiro e baseado na Lei de Acesso à Informação e no decreto 7.724/2012, o Ministério brasileiro não pode, segundo nota enviada para nossa equipe de redação, “fornecer dados específicos sobre casos individuais de assistência a cidadãos brasileiros.”

Sem nenhuma aprova que possa incriminá-los até o momento, é em Ghazzé, também no Bekaa, que Mona aguarda uma autorização da Justiça Libanesa para viajar até o Brasil, dar continuidade ao tratamento contra o câncer e acompanhar a chegada da neta que deverá nascer nos próximos dias.