As famílias no Líbano estão gastando cinco salários mínimos apenas com comida, aponta o estudo do Observatório de Crise da Universidade Americana de Beirute, divulgado nesta quarta-feira (21).
O Líbano está lutando contra o que o Banco Mundial descreveu como uma das piores crises financeiras do planeta desde a década de 1850, que deixou mais da metade da população vivendo abaixo da linha da pobreza.
A moeda libanesa perdeu mais de 90 por cento de seu valor em relação ao dólar no mercado negro desde 2019, e libaneses com salários profundamente desvalorizados na moeda local viram seu poder de compra despencar.
De acordo com os preços mais recentes em julho, “o orçamento de uma família apenas para comida é cerca de cinco vezes o salário mínimo”, aponta o estudo.
Sem levar em conta o custo adicional de água, eletricidade ou gás de cozinha, uma família de cinco pessoas gastava mais de 3,5 milhões de liras libanesas por mês apenas em comida, estimou.
A maioria das pessoas é paga em moeda local no Líbano, onde o salário mínimo nacional é de 675.000 liras libanesas.
Isso já valeu quase 450 dólares pelo câmbio oficial, mas hoje mal chega a 30 dólares no mercado negro.
O Observatório disse que o custo dos alimentos aumentou 700% nos últimos dois anos, e esse aumento acelerou nas últimas semanas.
“O preço de uma cesta básica aumentou mais de 50 por cento em menos de um mês”, disse.
Nasser Yassin, chefe do Observatório e professor da AUB, disse que o salto mais recente nos preços foi “muito, muito alarmante. Estamos testemunhando agora um aumento inacreditável em um curto período de tempo”, disse ele.
O país sem dinheiro está lutando para importar combustível suficiente para manter suas usinas elétricas on-line, provocando cortes de eletricidade por até 23 horas por dia na maioria das áreas.
O custo de ligar a um gerador de backup da vizinhança para manter as luzes e a geladeira acesas também aumentou.







