Beirute – No extremo norte do Brasil, onde a majestosa floresta amazônica se encontra com os desafios de uma região remota, a medicina de ponta tem um nome que se destaca: Melk Hadad. Rádio-oncologista renomado e descendente de libaneses de Batroun, no norte do Líbano. Hadad trabalha em um dos serviços de radioterapia mais avançados do país, localizado no Hospital do Câncer do Acre (Unacon), na capital Rio Branco.
Em uma região marcada pela diversidade geográfica e desafios logísticos, o Acre se tornou um polo de atendimento oncológico graças a profissionais como o Hadad. Uma das grandes inovações no serviço de radioterapia da unidade que ele trabalha é a ausência de filas de espera, algo raríssimo em muitos outros estados do Brasil. A unidade se destaca não apenas pela rapidez no atendimento, mas também pela eficiência e qualidade, permitindo que pacientes de outros estados brasileiros e até de países vizinhos, como Peru e Bolívia, possam ser atendidos com a mesma agilidade e excelência.
Hoje, Hadad honra esse legado familiar com sua dedicação à medicina. Segundo ele, a Unacon do Acre conta com um equipamento de radioterapia de última geração, comparável ao do renomado Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, que é referência na América Latina. Essa estrutura acreana atende pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), e coloca a região Norte no mapa da oncologia brasileira, reforçando a presença libanesa na vanguarda da medicina no Brasil.
A história de Hadad, contudo, não se limita à sua carreira como médico. Sua trajetória está profundamente entrelaçada com o legado da imigração libanesa no Brasil. Seu bisavô, um libanês natural de Batroun, chegou ao Brasil no século passado, desembarcando no Porto de Santos (SP). Iniciou sua jornada de trabalho como estivador, depois como mascate em Belém (PA), até seguir vendendo mercadorias e chegar a Xapuri, no Acre. Foi ali que seu destino se entrelaçou com o da bisavó de Hadad, uma imigrante síria, e o que se seguiu foi uma história de trabalho árduo e prosperidade. Durante o auge do ciclo da borracha, seu bisavô adquiriu um seringal, e sua família começou a construir um legado que se tornaria uma das mais tradicionais do Acre.
Seu compromisso com os pacientes é inegável, e sua dedicação à medicina vai além do tratamento técnico: ele e sua equipe se preocupam com o atendimento humanizado, essencial para a recuperação dos pacientes oncológicos, especialmente em uma região que ainda enfrenta desafios na infraestrutura de saúde.
Neste 25 de março, Dia da Imigração Árabe no Brasil, celebramos a história do médico Melk Hadad e de tantos outros descendentes de libaneses que, com esforço, coragem e determinação, contribuíram para o desenvolvimento de um país que é hoje uma verdadeira terra de acolhimento e oportunidades. A diáspora libanesa no Brasil é uma prova viva de que, não importa a distância, a força do povo libanês está sempre presente, deixando sua marca de resiliência, dedicação e excelência em todas as esferas da sociedade.