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É tudo brimo. No Dia do Imigrante conheça histórias de libaneses que foram acolhidos por SP

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O dia 25 de junho foi estabelecido para celebrar o dia do Imigrante no Brasil através do Decreto nº 30.128 de 14 de novembro de 1957, emitido pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Para um melhor entendimento, o imigrante é todo aquele que em busca de melhores oportunidades se deslocam em grupos de indivíduos de regiões e países de origem para terras estrangerias.

Com isso, iniciam uma nova vida longe muitas vezes de seus familiares e amigos, mas, acabam colaborando para o crescimento de suas terras natais com o envio de recursos adquiridos com muito trabalho. Segundo dados da ONU, cerca de 175 milhões de pessoas vivem fora do país de origem.

Em São Paulo, existe uma enorme concentração de diversos imigrantes, sejam italianos, japoneses, alemães, africanos dentre outros os libaneses que tiveram início oficialmente em meados de 1880, quatro anos após a visita do Imperador Dom Pedro II ao Líbano. Entretanto, é certo que a segunda metade do século XIX foi a principal época de entrada dos imigrantes libaneses no Brasil.

A imigração libanesa no Brasil não se restringiu a uma área específica como outras correntes imigratórias que aqui se estabeleceram, mas predominou nos grandes centros urbanos. Isso se explica também por suas atividades econômicas exercidas, pois como comerciantes buscavam novos mercados e melhores oportunidades.

A maioria deles começou a sua vida no país vendendo mercadorias de porta em porta como os mascates. O dinheiro juntado acabou sendo o pontapé para a abertura de pequenas confecções e lojas de tecidos. Muitos dos imigrantes libaneses que vivem ou vieram no Brasil colaboraram inclusive com o desenvolvimento do próprio Líbano.

Os dados sobre os números estimam aproximadamente  12 milhões de libaneses e  descendentes de libaneses no Brasil.

Somente na cidade de São Paulo e arredores pressupõe-se um número acima de 2 milhões de libaneses espalhados por diversas regiões, contudo, bairros como 25 de Março, Brás, Bom Retiro, Vila Mariana, Paraíso, Moema, Jardins, Ipiranga e Tatuapé são grandes redutos de libaneses segundo Rudy El Azzy, cônsul geral do Líbano em São Paulo.

Dentre a cultura e costumes trazidos pelos árabes para o Brasil, destacamos o uso de temperos como noz-moscada, pimenta, cravo e canela e o tradicional cafezinho que são marcas da cultura árabe que vai muito além das esfihas e kaftas incorporadas em nossa mesa.

Outro ponto a ser destacado são as festas e danças como as bailarinas e o tradicional Dabke – (dança oriunda do Líbano com grupos de pessoas).

Grupo de dança árabe no Brasil. Imagem: Nasser Mohamed

Nesse contexto, é importante destacar a homenagem realizada em 2020 pela Escola de Samba Império de Casa Verde que retratou no Sambódromo do Anhembi em São Paulo a história dos libaneses com o Enredo: “ Marhaba Lubnãn” que significa: Olá Líbano! No trecho do samba enredo uma frase muito marcante aproximou ainda mais os patrícios dos brasileiros: “ São duas bandeiras e um só coração”.

Carnaval 2020 em SP. Imagem: Império da Casa Verde

Para citar alguns exemplos de imigrantes que foram acolhidos na terra da garoa conhecemos a professora Karen Hayek, filha de pai Libanês e mão brasileira, nascida no Vale do Bekaa, onde viveu  até os seus 16 anos, quando veio para o Brasil nos anos 90.

Com mais de 20 anos de profissão como professora de árabe no Brasil, criou sua própria metodologia de ensino de conversação e escrita transliterada do árabe libanês, visando descomplicar o aprendizado e gerar aprendizado real ao aluno. Karen criou também uma plataforma de estudos on line – Culltura Libanesa, e conta com dezenas de alunos em diferentes estados brasileiros e no exterior que através do método EAD se conectam para realização dos cursos de árabe.

Gravação do programa Cultura Libanesa em SP. Imagem: Reprodução do Facebook

Além disso,  ela mantém um canal no Youtube chamado Cultura Libanesa onde entrevista outros imigrantes libaneses que vieram para o Brasil em busca de novas oportunidades.

“Tenho orgulho de ser professora de Árabe, de ter ensinado um número incontável de alunos a dominarem meu idioma nativo. Além disso, me orgulho do método, do Curso Árabe Online e da escola Cultura Libanesa que tanto sonhei e idealizei para que hoje seja uma realidade e assim consigo ajudar dezenas de imigrantes que chegam no Brasil e não sabem falar o português. Dessa forma, ensino tanto o português quanto o árabe. Já o canal de entrevistas, começou de forma despretensiosa apenas para encontrar outros libaneses que assim como eu construímos nossa história no Brasil”.

Para o cozinheiro Luciano Chaim, a herança deixada por seus antepassados foram outras. Muito mais do que imaginam como ouro ou fortunas, o caderno de receitas de sua avó e as colheres em formato de moldes para doces típicos com mais de 100 anos de fabricação foi o melhor legado que pôde ter recebido com o falecimento das mesmas. Luciano conta que as receitas eram passadas de forma verbal sem medidas dos ingredientes e que o ensinamento foi “ colocar até dar o ponto”, como explica.

“Minha avó e minhas tias sentavam-se na cozinha para cozinharem juntas e aos poucos fui aprendendo as receitas mais tradicionais. Hoje em dia eu atuo no preparo de comidas típicas libanesas em sua maioria para próprios libaneses que fazem suas encomendas”, enfatiza o cozinheiro Luciano Chaim.

Já o cantor Kaiss Ramah, chegou em São Paulo em 2006 após um período de guerras e ataques no Libano e construiu sua carreira como cantor de festas tradicionais, casamentos e eventos árabes espalhados em São Paulo e em todo Brasil. Kaiss, foi pioneiro no estilo de música em terras paulistas sendo um dos cantores mais procurados para apresentações.

“ Quando eu cheguei em São Paulo não sabia falar absolutamente nada em português. Me senti totalmente perdido até que conheci a Rua 25 de Março e por lá pude encontrar outros libaneses que me ajudaram. Atualmente já me apresentei com diversos artistas brasileiros entre alguns nomes a cantora Anita e Ivete Sangalo”.

Dentre as maiores proximidades com os brasileiros, os libaneses se destacam para alegria e hospitalidade onde chega ser uma ofensa chegar na casa de um libanês e não tomar pelo menos um cafezinho.