
Depois de uma pausa de quase seis meses, Líbano e Israel retomaram as negociações indiretas com a mediação dos EUA na terça-feira (03) sobre sua disputada fronteira marítima.
A retomada ocorre depois que o novo governo assumiu a Casa Branca, no início do ano. O Líbano afundou ainda mais em uma crise econômica e financeira que começou no final de 2019; uma culminação de décadas de corrupção e má gestão da classe política.
O pequeno país mediterrâneo está ansioso para resolver a disputa de fronteira com Israel, abrindo caminho para negócios lucrativos de petróleo e gás. A mídia local disse que as negociações foram retomadas em um posto da ONU ao longo da fronteira conhecido como Ras Naqoura, nos limites da cidade fronteiriça libanesa de Naqoura.
A delegação libanesa falará por meio de autoridades da ONU e dos EUA aos israelenses. O Embaixador dos EUA, John Desrocher, que atua como mediador americano, chegou a Beirute na noite de segunda-feira para participar das negociações.
Os EUA têm mediado a questão há cerca de uma década, mas apenas no final do ano passado foi que se chegou a um avanço em um acordo para uma estrutura para conversações mediadas pelos EUA. As negociações começaram em outubro, mas pararam algumas semanas depois.

Israel e Líbano não têm relações diplomáticas e estão tecnicamente em estado de guerra. Cada um deles reivindica cerca de 860 km² (330 mn²) do Mar Mediterrâneo como estando dentro de suas próprias Zonas Econômicas Exclusivas (ZEE).
Na segunda rodada de negociações, a delegação libanesa (uma mistura de oficiais do exército e especialistas) ofereceu um novo mapa que leva a mais 1.430 km² (550 mn²) para o Líbano.
O ministro da Energia de Israel, Yuval Steinitz, acusou o Líbano de “explodir” as negociações. A liderança do Líbano não está unida por trás da decisão do comando do exército em relação à extensão da área.
“Há fraqueza na postura libanesa e é importante para os israelenses se juntarem às negociações quando o Líbano está em uma posição fraca”, disse Laury Haytayan, um especialista libanês em petróleo e gás.
O jornal Al-Akhbar relatou na semana passada que o presidente libanês, Michel Aoun, concordou em desistir da demanda, abrindo caminho para novas negociações. O Ministério de Energia de Israel se preparou para apresentar sua própria fronteira proposta, mais ao norte, caso o Líbano apresentasse sua fronteira mais ao sul.
Israel já desenvolveu uma indústria de gás natural em outras partes de suas águas econômicas, produzindo gás suficiente para consumo doméstico e para exportar para o Egito e Jordânia.
O Líbano, que começou a perfurar offshore no início deste ano e espera começar a perfurar para gás na área disputada nos próximos meses, dividiu sua extensão de águas em 10 blocos, dos quais três estão na área em disputa com Israel.
Israel e Líbano também mantiveram negociações indiretas na década de 1990, quando os estados árabes e Israel trabalharam em acordos de paz. Os palestinos e a Jordânia assinaram acordos com Israel na época, mas o Líbano e a Síria não.
- Com agências internacionais
- Tradução e Adaptação: Jornal do Líbano