O magnata dos Emirados Árabes Unidos, Khalaf Ahmad Al Habtoor, anunciou nesta terça-feira (27) que cancelou todos os investimentos planejados no Líbano e venderá todas as suas propriedades no país. A decisão ocorre em meio à crescente instabilidade econômica e política que assola a nação.
Al Habtoor, presidente do conglomerado global Al Habtoor Group, afirmou que a medida foi tomada após uma análise e monitoramento cuidadosos da situação libanesa. Ele destacou que nem ele, nem sua família ou gerentes do grupo viajarão para o país.
Perdas financeiras e disputa com o governo libanês
O grupo Al Habtoor, com interesses que vão desde a hotelaria de luxo até centros comerciais, teve investimentos congelados no Líbano nos últimos anos, resultando em perdas avaliadas em aproximadamente US$ 1,4 bilhão. Em 2023, Al Habtoor chegou a emitir um aviso de disputa de tratado de investimento contra o governo libanês, em resposta às restrições impostas que impediam a transferência de fundos do grupo para fora do país.
Até janeiro de 2024, os investimentos da Al Habtoor no Líbano eram estimados em cerca de US$ 1 bilhão. Apesar disso, na semana passada, o empresário expressou interesse em retomar os investimentos caso um novo governo fosse formado. Com a falta de progresso nas negociações políticas, ele optou por encerrar sua presença no mercado libanês.
Impacto nas relações diplomáticas
O anúncio vem em um momento delicado para as relações entre o Líbano e os Emirados Árabes Unidos. Recentemente, os Emirados reabriram sua embaixada em Beirute, mais de três anos após fechá-la em outubro de 2021, em solidariedade à Arábia Saudita, após críticas do então ministro da Informação libanês ao envolvimento saudita no conflito do Iêmen.
O presidente libanês Joseph Aoun declarou na semana passada que, assim que um novo governo for estabelecido, iniciará negociações com os países do Golfo para restabelecer parcerias e atrair investimentos. No entanto, a decisão de Al Habtoor representa um revés significativo para os esforços do Líbano em recuperar a confiança dos investidores estrangeiros.
A saída de um dos maiores investidores do Oriente Médio reforça os desafios econômicos do Líbano, que segue em uma crise financeira sem precedentes e com dificuldades para estabilizar seu cenário político.
