Brasileiros presos no Líbano há mais de um ano. Imagem: Reprodução das Redes Sociais
Igor Antônio dos Santos Cabral (25) e Juliana Nunes do Nascimento (31) foram flagrados com drogas no Aeroporto de Beirute e estão à disposição da justiça do Líbano desde dia 19 de dezembro, segundo informações das autoridades do país. Eles estão sem contato com os familiares desde então.
O Governo do Brasil informou que, por meio da embaixada de Beirute, acompanha a situação e presta assistência ao casal de brasileiros. Cartões telefônicos não foram fornecidos para o casal por estar em falta no país. Nos presídios libaneses são proibidos telefones celulares.
Os familiares de Cabral, na cidade Carazinho (RS), afirmam que ele foi assediado por Juliana, “meu filho sempre foi trabalhador. Se envolveu com essa mulher há quase dois anos e agora está nessa situação no Líbano,” lamenta a mãe Claudete dos Santos.
Ainda não se sabe quem aliciou o casal de brasileiros. Como eles conseguiram passar pelo Body Scan dos Aeroportos de Guarulhos (SP) e do Catar sem que as autoridades pudessem identificar o entorpecente. Também não se sabe quem receberia a substância ilícita no Líbano. Os telefones deles foram aprendidos e estão sob investigação.
Os investigados, de acordo com as autoridades libanesa, devem responder por tráfico internacional de drogas e associação criminosa para o tráfico.
MOROSIDADE JUDICIAL
Eles devem encontrar inúmeros obstáculos por causa da morosidade judicial e falta de energia elétrica. O judiciário do Líbano está paralisado desde agosto, quando os juízes iniciaram uma greve sem fim para exigir melhores salários.
São aproximadamente 7 mil presos no país. Alguns aguardam por uma audiência há mais de três anos. Às vezes, quando conseguem uma audiência judicial, acabam não comparecendo porque as autoridades não conseguem garantir combustível ou transporte para os detentos.
Por dia, em média, é ofertado uma hora de energia elétrica. Os chuveiros nas prisões são de água fria.
SEM VISITAS
O casal até o momento só teve contato com representes do Consulado Geral. Como os familiares estão no Brasil, sem previsão de viagem para o Líbano, Cabral e Juliana seguem à disposição da justiça e sem contato com outros brasileiros.
PRISÃO FEMININA LOTADA
De acordo com informações de uma fonte do Palácio da Justiça, Juliana enfrentará uma prisão feminina lotada e sem condições básicas de higiene. Ela está entre os quase 80% da população carcerária do Líbano que aguardam em prisão preventiva, de acordo com dados do Ministério do Interior. A ocupação prisional é de 323% em todo o país.
Detentas das prisões nas proximidades da capital, Beirute, contam que elas dormem em colchões sujos espalhados no chão de uma cela e compartilham um banheiro com outras 20 mulheres. Estima-se que só em Baabda 105 presas dividem cinco celas pequenas.
O ministro do Interior, Bassam Mawlawi, disse em setembro que a crise econômica do Líbano “multiplicou o sofrimento dos presos”.
Ele citou escassez de alimentos, energia elétrica, medicamentos e más condições nas celas.