Falando na Conferência Internacional do INSS em Tel Aviv, o chefe do Mossad, David Barnea, fez elogios ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu por ordenar as operações que utilizaram bipes e walkie-talkies explosivos contra o Hezbollah em setembro. A declaração, no entanto, levanta dúvidas sobre a real eficácia e as motivações dessa ação dentro da complexa guerra em curso no Líbano.
Barnea também rejeitou as alegações feitas pelo ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, que nas últimas semanas argumentou que a operação contra o Hezbollah deveria ter ocorrido logo após os ataques de 7 de outubro de 2023. Segundo o chefe do Mossad, o impacto teria sido muito menor naquela ocasião.
Segundo Barnea, havia “dez vezes mais bipes” em posse do Hezbollah em setembro do que no início da guerra, e o número de walkie-talkies detonados também foi significativamente maior. Ele classificou a operação como um “ponto de virada” na ofensiva israelense no Líbano, afirmando que sua preparação começou há mais de um ano.
Apesar das declarações oficiais exaltando o ataque, a narrativa israelense levanta questões importantes: qual foi, de fato, o impacto dessa operação sobre a estrutura do Hezbollah? O uso de dispositivos explosivos em equipamentos de comunicação sinaliza um novo patamar na guerra tecnológica ou apenas serve para alimentar a retórica política interna de Netanyahu?
Barnea destacou que a maioria dos dispositivos explodiu dentro de armazéns do Hezbollah, mas não há confirmação independente sobre o real alcance e eficácia da operação. A insistência do Mossad em enaltecer o papel de Netanyahu também sugere um esforço para fortalecer sua imagem em meio à crescente pressão política e questionamentos sobre sua condução da guerra.