
No Brasil, no dia 18 de março de 2025, Palma, município de Minas Gerais, deu um passo importante para reconhecer o legado dos imigrantes libaneses que, desde o início do século passado, têm desempenhado um papel essencial no crescimento econômico, cultural e social da cidade. A data ficará marcada como o momento em que o valor desses imigrantes foi formalmente reconhecido por meio de uma homenagem que enaltece suas contribuições ao município.
O início de uma jornada histórica
O reconhecimento começou com uma mensagem do escritor e vice-cônsul brasileiro em Beirute, que solicitou a entrega de um exemplar de seu livro, Não há lugar seguro, à Biblioteca Municipal de Palma. Com essa simples ação, uma história de contribuições e superações foi reavivada. Mas a verdadeira importância do gesto foi revelada no dia seguinte, quando a família Maron, uma das mais tradicionais famílias libanesas de Palma, comemorou o aniversário de 90 anos de Odalea Maron, a descendente libanesa mais idosa da cidade.
A conversa que selou o reconhecimento
O vereador Vicente Ferreira (PT), anunciou que estava preparando uma proposta para instalar uma placa em homenagem às famílias libanesas que ajudaram a construir o município. No dia 18 de março, a Câmara de Palma aprovou a indicação do vereador, e a sessão contou com a presença de Odalea Maron, que foi homenageada com uma moção de aplauso. Durante a sessão, José Alberto Metri, descendente de libanês, falou em nome da comunidade e ressaltou o quão importante é o papel dos imigrantes libaneses e suas contribuições para o comércio e a cultura da cidade.
A importância dos imigrantes libaneses para Palma
Desde o início do século XX, os imigrantes libaneses se estabeleceram em Palma e ajudaram a transformar a cidade. Eles foram responsáveis por abrir comércios, criar empregos e oferecer novos serviços à população. Até hoje, os descendentes desses imigrantes continuam a desempenhar papéis importantes no comércio local, preservando as tradições e a cultura que receberam de seus antepassados.
As primeiras famílias libanesas a se instalar no município foram numerosas e muito unidas. Com um total aproximado de 180 pessoas, incluindo imigrantes e seus filhos, essas famílias contribuíram significativamente para o crescimento do comércio local. Entre os pioneiros, destacam-se nomes como Salim, Salum, Maluf, Daher, Simão, Abdalla, Ammar, Auad, Chebli, Maron, entre outros, que abriram lojas de tecidos, mercadorias, ferragens, bebidas e artigos diversos.
Comerciantes e empreendedores libaneses de Palma
O comércio desempenhou um papel central no legado dos libaneses em Palma. Vários comerciantes, ao longo dos anos, se destacaram pela qualidade de seus produtos e pela confiança que conquistaram da comunidade local. Entre os exemplos de sucesso estão a Casa Simão, de José Simão, que se especializou em secos e molhados, e a Casa Azul, de Elias Abdalla.
Outro grande exemplo é a Casa São Jorge, de Jorge Ammar, que se destacou pela venda de bebidas finas e doces. A Barateira de José Auad também foi muito popular, oferecendo tecidos, artigos de perfumaria e outros produtos essenciais.
Legado cultural e educacional
Além de sua contribuição econômica, os libaneses e seus descendentes se destacaram também nas áreas da educação e cultura. Michel Simão, famoso cartunista, fez história com seus trabalhos publicados em jornais e revistas no Rio de Janeiro. Já Fued Abdalla Chebli brilhou como promotor de Justiça, e Geraldo Magela Metre Pinto foi o primeiro defensor público da Comarca de Palma.
Na educação, Jorgete Ammar Chebli se tornou a primeira diretora da escola Reunidas Alzira Carvalho Santos, inauguradas em 1964. Já Maria das Graças Simão levou o nome de Palma ao concurso de miss Minas Gerais, em 1969, tornando-se um ícone da cidade.
Um olhar para o futuro
“O reconhecimento formal aos imigrantes libaneses é um passo importante para preservar e valorizar a história de Palma. No entanto, é essencial que essa memória seja constantemente relembrada e atualizada. A pesquisa feita por mim sobre o legado dos libaneses em nossa cidade serve de inspiração para que outros grupos, como italianos e portugueses, também registrem suas histórias e deixem um legado que poderá ser apreciado pelas futuras gerações”, ressaltou Metri.
Ele ainda sugere que o marco de homenagem à colônia libanesa seja instalado nas imediações da antiga Estação da Estrada de Ferro Leopoldina, “um ponto de chegada dos primeiros imigrantes libaneses na cidade. Esse espaço simboliza a entrada dos mascates e imigrantes, e seria um local ideal para eternizar essa história”.
A pequena cidade de Palma, hoje, reconhece sua dívida com os imigrantes libaneses, e este ato de reconhecimento é fundamental para que o legado dessas famílias continue sendo celebrado. O comércio, a cultura e a educação local devem sempre lembrar e valorizar os esforços daqueles que contribuíram para a construção do município, e o imigrante libanês é um pilar essencial dessa história.