
“Eu não posso me identificar. Tenho filhos. Marido. Uma vida aqui no Líbano. Mas o Governo do Brasil está fazendo política com o nosso desespero. Imagina você depender de repatriação para não morrer e ter que esperar por uma lista que ninguém entende como está funcionando? É assim que estamos nos sentindo. É só dizer que somos de Foz do Iguaçu (PR), e pronto. Somos esquecidos. Nem casa tenho mais. Ela foi destruída por Israel na semana passada. Os jornalistas brasileiros nos procuram diariamente pelas redes sociais. No Ocidente, eles não entendem como funcionam as coisas aqui. Não podemos falar. Não por falta de vontade, mas por sabermos quais serão as consequências. Somos nascidos no Brasil. Temos documentos e falamos brasileiro. Israel irá nos matar. É só uma questão de tempo”, se desespera uma moradora da Nabtieh, sul do Líbano.
No Brasil, a cidade de Foz do Iguaçu (PR), abriga a segunda maior comunidade libanesa. Estima-se que aqui no Líbano, exista uma comunidade brasileira com mais de 20 mil cidadãos. A maior concentração está na região do Vale do Bekaa.
De acordo com um comunicado da embaixada do Brasil em Beirute, por meio de um aplicativo, não é possível saber quantos voos de repatriação serão disponibilizados. “Recomenda-se, portanto, que os brasileiros busquem deixar o Líbano por seus próprios meios. O aeroporto internacional de Beirute continua operando, com voos regulares principalmente pela companhia aérea Middle East Airlines.”
O grande problema, de acordo com muitos brasileiros vivendo aqui no Líbano, é o alto preço dos bilhetes aéreos. Com os cancelamentos de voos, a oferta ficou menor e o preço do bilhete para o Brasil ficou muito alto. Vale lembrar que o Líbano passa por uma grave crise econômica e muitos cidadãos estão em extrema vulnerabilidade social.
Para informações sobre documentação ou preenchimento de formulários para repatriação, envie e-mail: consular.beirute@itamaraty.gov.br
De acordo com o Governo do Brasil, na manhã da segunda-feira (14), chegou ao Brasil o quinto voo de repatriação do Líbano, com 220 passageiros e 2 pets. “A Operação Raízes do Cedro já resgatou 1.105 pessoas e 14 animais desde 6 de outubro. Após o desembarque, os passageiros recebem assistência do Ministério do Desenvolvimento Social, SUS, Polícia Federal e Receita Federal.”