Dezena de milhares de pessoas se reuniram no estádio de Beirute para o funeral de Hassan Nasrallah, o ex-líder do Hezbollah, que foi morto em setembro do ano passado em um ataque aéreo israelense. Nasrallah, que liderou o grupo por mais de 30 anos e foi um de seus fundadores, foi assassinado quando a Força Aérea de Israel lançou mais de 80 bombas no local onde o Hezbollah mantinha sua principal sala de operações no sul de Beirute.
Os participantes, em sua maioria vestidos de preto, carregavam retratos do líder morto e bandeiras do Hezbollah. O funeral, realizado quase cinco meses após a morte de Nasrallah, foi precedido por uma grande mobilização de pessoas de diversas partes do Líbano e do exterior. Alguns caminharam longas distâncias a pé, enfrentando o frio cortante para prestar suas últimas homenagens.
Retratos gigantes de Nasrallah e de Hashem Safieddine, que seria o sucessor de Nasrallah antes de ser também morto em outro ataque aéreo israelense, foram exibidos em muros e pontes no sul de Beirute, relembrando as figuras centrais do movimento. Os corpos dos dois líderes foram temporariamente enterrados em locais secretos e aguardam agora sepultamento definitivo.
De acordo com Ali Daamoush, alto funcionário do Hezbollah, cerca de 800 personalidades de 65 países foram esperadas no funeral, além de milhares de ativistas de várias partes do mundo. Enquanto Nasrallah seria enterrado em Beirute, Safieddine seria sepultado na cidade natal, no sul do Líbano.
Medidas de Segurança e Tensão Regional
O evento foi cercado por uma forte presença de segurança, com o Hezbollah montando telas gigantes ao longo da estrada do aeroporto e nos arredores do estádio para acomodar aqueles que não conseguiram espaço dentro do local. A área ao redor do funeral foi isolada com o fechamento das principais estradas e a interrupção de voos no aeroporto de Beirute por quatro horas. Drones foram proibidos de operar na capital libanesa durante o evento, e tanto o exército libanês quanto a polícia estavam em alerta máximo.
Conflito Israel-Líbano e Escalada de Tensão
Horas antes da cerimônia, o exército israelense lançou ataques aéreos no sul do Líbano, uma ação que intensificou ainda mais as tensões na região. O uso de força por Israel no momento em que a população libanesa estava reunida para o funeral de Nasrallah gerou um clima de provação, com muitos se perguntando sobre as intenções de Israel em relação ao Líbano e à soberania libanesa.
O funeral de Nasrallah não só foi um momento de luto para seus seguidores, mas também um reflexo da polarização política e militar que continua a definir a região. As ações de Israel no contexto do funeral e o alto número de participantes refletem a relevância do Hezbollah na política libanesa e a complexidade das relações entre o Líbano, Israel e o Hezbollah.
A repercussão deste funeral e os eventos que o cercaram devem continuar a ser um ponto central de debate sobre a situação política e de segurança no Oriente Médio nos próximos dias.