Home Política Novo governo formado no Líbano tem ardua tarefa de reerguer o país

Novo governo formado no Líbano tem ardua tarefa de reerguer o país

399
0

Novo governo fará todo o possível para responder às demandas do movimento de protesto

O novo governo composto em janeiro, por 20 ministros após renúncia de Saad Hariri, terá a pesada tarefa de reviver uma economia em queda livre e convencer os manifestantes, críticos à classe política.

O novo primeiro-ministro, um acadêmico de 61 anos, prometeu que seu governo fará todo o possível para responder às demandas do movimento de protesto que agita o país desde de outubro 2019 e está pedindo uma reforma do sistema político e a renúncia de uma classe política acusada de incompetência e corrupção.

“É um governo que expressa as aspirações dos manifestantes em todo o país, mobilizados por mais de três meses, que trabalhará para responder às suas demandas”, garantiu Diab, logo após o anúncio da formação de seu gabinete.

O primeiro-ministro prometeu nomear um governo de “tecnocratas independentes”, o que responderia às aspirações da rua. Entre os novos ministros estão acadêmicos como o economista Ghazi Wazni, que ficará encarregado das finanças.

Em seu discurso, Diab citou entre as demandas populares a “independência da justiça, a luta contra o enriquecimento ilegal” e também “a luta contra o desemprego”.

Um caldeirão em ebulição

A nova equipe foi formada por apenas um lado político, o poderoso movimento xiita pró-iraniano do Hezbollah e seus aliados. Este ainda deve obter o voto de confiança do Parlamento.

No entanto, mesmo entre esses aliados, foram necessárias intensas negociações políticas para distribuir as pastas. Ao lado do Hezbollah, há principalmente a formação de Amal Shia, bem como o Movimento Patriótico Livre, fundado pelo presidente Michel Aoun.

Manifestantes se concentraram em Beirute, perto do Parlamento, e gritaram palavras de ordem. “Queremos um novo Líbano, um Líbano livre de corrupção”, disse o manifestante Charbel Kahi. “Não venha para zombar do povo libanês com o governo. Há dois meses que esperávamos”, disse outro manifestante.

Enumeros desafios ao novo governo

Para a nova equipe, os desafios são muitos, principalmente na esfera econômica, em um país com uma dívida de quase 90 bilhões de dólares, mais de 150% de seu Produto Interno Bruto (PIB).

São necessárias reformas estruturais, em particular para liberar bilhões de dólares em ajuda e doações prometidas pela comunidade internacional. Os manifestantes criticam que as autoridades não possam prover serviços públicos básicos.

Trinta anos após o fim da guerra civil (1975-90), os libaneses vivem diariamente com falta de energia, uma rede deficiente de água corrente e uma gestão calamitosa de resíduos.

O Banco Mundial alertou em novembro que as taxas de pobreza poderão atingir 50% da população, em comparação com um terço hoje.

“Dada a natureza multidimensional da crise, parece difícil conceber soluções de curto prazo para os problemas financeiros, econômicos e sociais do país”, afirma. Vários dos principais partidos se recusaram a fazer parte do governo.

*Com informações da Agência AFP