O primeiro-ministro fala em ‘corrupção maior que o Estado’
Depois dos vários dias de protestos no Líbano, a indignação da população teve repercussões. Sem outra saída, o primeiro-ministro, Hassan Diab, e os seus ministros renunciaram de forma conjunta.
Hassan Diab confirmou a renúncia ao cargo, afirmando que a corrupção é “maior que o Estado (…) Declaro o meu afastamento do Governo. Que Deus proteja o Líbano”, cita o jornal Al Jazeera, reforçando que Diab repetiu a última frase três vezes.
Segundo o próprio, ele vai “dar um passo atrás’, para poder apoiar as pessoas “e lutar esta batalha pela mudança junto a eles”. O primeiro-ministro visitou o Palácio Baabda. para apresentar formalmente sua renúncia ao presidente Michel Aoun.
Este, embora aceitando o pedido, instruiu o Governo para se manter um funções temporariamente até se formar um novo executivo, noticiou o jornal local L’Orient-Le Jour.
“Todo o Governo apresenta a sua demissão”, na segunda-feira (10) o ministro da Saúde libanês, Hamad Ali Hassan, já havia renunciado, durante coletiva com a imprensa local, ao final de uma reunião com o Governo.
Ali Hassan também tinha adiantado que o primeiro-ministro iria “entregar a demissão, em nome de todos os ministros”.
Os primeiros políticos a renunciarem aos cargos foram os ministros da Informação e do Ambiente, Manal Abdel Samad e Damianos Kattar, respetivamente, no passado domingo (9), seguidos pela ministra da Justiça, Marie-Claude Najm, e o ministro das Finanças libanês, Ghazi Wazni.
Também nove deputados já abandonaram os respetivos cargos.
Mesmo depois da demissão em bloco do Governo, as manifestações continuaram. A população descontente apelaram a uma vingança contra uma classe política totalmente desacreditada.
Presidente conhecia o perigo
O cerco ao presidente libanês continua a apertar-se, depois de ter rejeitado uma investigação internacional e de as autoridades de Beirute não terem ainda avançado informações sobre a evolução do inquérito em curso.
Michel Aoun, reconheceu, na quarta-feira (12), que sabia da existência de uma grande quantidade de nitrato de amónio no porto de Beirute.
A notícia foi confirmada depois de circularem rumores de que o presidente e o primeiro-ministro sabiam da existência do componente para explosivos que criaram a tragédia que apanhou o Líbano de surpresa no passado dia 4 de agosto.
O Presidente Aoun foi informado em 20 de julho, através do relatório de segurança do Estado, da presença de uma grande quantidade de nitrato de amónio num armazém do porto de Beirute e o conselheiro militar de sua excelência informou o secretário-geral do Conselho Supremo da Defesa, escreveu fonte da Presidência na rede social Twitter.
Segundo a mesma nota, o assessor de Aoun teria informado ao Conselho de Ministros para que se tomassem as medidas necessárias e o secretário-geral do Conselho Supremo da Defesa teria remetido o texto aos orgãos competentes.
A presidência da República deseja que a investigação judicial siga o seu curso, usando de todas as experiências para mostrar a verdade completa sobre a explosão, as suas circunstâncias e os responsáveis a todos os níveis, acrescentava. Mas as palavras não acalmaram a contestação.
Na sequência das violentas explosões do início do mês, cerca de 300 mil habitantes de Beirute ficaram sem casa – e ainda não receberam qualquer ajuda estatal.
* Com agências internacionais