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Pacientes com câncer enfrentam uma grande batalha para garantir medicamentos oncológicos no Líbano

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Pacientes com câncer enfrentam uma grande batalha para garantir medicamentos oncológicos no Líbano. O país está enfrentando uma grave escassez de medicamentos, combustível, energia elétrica, entre outros. A crise econômica, descrita como uma das piores do mundo dos últimos 150 anos, colocou o povo libanês em extrema vulnerabilidade social. Hoje o país depende das importações por quase tudo.

Mas essas importações são difíceis de obter, uma vez que a moeda libanesa perdeu mais de 90% de seu valor desde 2019 e as reservas internacionais do Banco Central estão quase no final. A crise foi agravada ainda mais pela a explosão no porto de Beirute, em agosto de 2020.

Há meses, as prateleiras das farmácias estão quase vazias, exacerbadas pelo pânico na compra e pelos fornecedores retendo remédios, esperando vendê-los mais tarde por preços mais altos em meio à incerteza. Os hospitais estão em risco, mal conseguem garantir o diesel para manter os geradores e os aparelhos hospitalares funcionando no dia a dia.

A escassez de medicamentos ameaça inúmeras pessoas, incluindo pacientes com câncer. Em desespero, muitos recorreram às redes sociais ou recorreram a viajantes vindos de outros países, como o Brasil, onde se encontram mais libaneses do que no próprio Líbano. Muitos chegam no Líbano com malas repletas de medicamentos para familiares e amigos.

Issam Shehadeh, chefe do departamento de câncer do Hospital Universitário Rafik Hariri de Beirute, disse que a situação se deteriorou significativamente nos últimos três meses. Os estoques de medicamentos essenciais do Ministério da Saúde agora estão vazios e muitos hospitais não conseguem garantir o abastecimento de importadores que estão retendo.

“Chegamos a um ponto quando dissemos aos pacientes que não temos mais formas de tratá-los. Os médicos muitas vezes não têm outro recurso a não ser aconselhar os pacientes a tentar obter os remédios no exterior, uma tarefa difícil para qualquer pessoa, mas especialmente para os pobres, cujas fileiras estão aumentando na crise econômica. Mais da metade dos 6 milhões de libaneses vivem agora na pobreza”, disse Shehadeh.

No final do ultimo mês deagosto, dezenas de pacientes com câncer se reuniram em frente aos escritórios principais da ONU em Beirute, exigindo ajuda internacional. “Nós nos recusamos a fazer uma contagem regressiva de vida”, dizia um banner. Outro disse: “Nosso governo está nos matando”.

Najat Rochdi, coordenadora humanitária da ONU para o Líbano, começou a chorar ao ouvir os pacientes falarem sobre sua situação. Ela disse que seu escritório está em contato com doadores em potencial, incluindo o Banco Mundial para encontrar soluções.

Um novo governo prometeu obter o controle do colapso econômico.