O projeto fortalece a rica cultura brasileira, gera renda e trabalho para inúmeras mulheres
Rose Sabra é de Medianeira, cidade localizada no oeste do estado do Paraná. Casou-se com um libanês e decidiram educar as três filhas no país de origem do marido. Há sete anos chegou ao Líbano e fixou residência em Beirute.
No Brasil, trabalhava com artesanato, mas ao chegar ao Líbano e se deparar com tantas mudanças culturais, acreditou que não seria possível desenvolver a sua arte.
Sônia Luzia da Silva Melhem é artesã, nasceu no município de Mundo Novo, no estado do Mato Grosso. Também se casou com libanês. Juntos, eles tiveram duas filhas e há dois anos resolveram ter o Líbano como residência fixa.
Além da nacionalidade, religião e da opção de educar os filhos no Líbano, o artesanato uniu essas duas brasileiras, que hoje fazem parte do projeto voluntário “ Arteiras do Brasil”, idealizado e coordenado pela libanesa-brasileira, Katia Aawar.
Katia vive em Beirute e faz parte do Conselho de Cidadãos Brasileiros. Diariamente é abordada por brasileiras que chegam ao Líbano e buscam por uma oportunidade no mercado de trabalho. Há um ano foi criado o projeto, que hoje conta com um grupo composto por aproximadamente 40 artesãs brasileiras. Muita matéria-prima chega do Brasil e o resultado final é exposto em feiras e nos comércios libaneses.
Sônia diz que o processo de adaptação foi muito complicado. Além de estar longe da família, ficou por mais de um ano sem contato com as brasileiras que vivem no país. “Eu não conseguia fazer amizades. Tinha essa dificuldade de adaptação. Ao mesmo tempo eu pensava nos meus filhos. Acredito que aqui no Líbano eles estão tendo melhores condições de estudo. A gente se esforça para vê-los bem. Por me sentir sozinha, já estava entrando num processo de depressão. Foi então que a Katia fez um chamado no grupo de brasileiras e vi uma possibilidade de mostrar o meu talento”.
Sônia faz brincos de crochê. Quando triste, segundo ela, encontra no artesanato motivos para sorri e se sente realizada ao saber que as suas peças são compradas não só por libaneses, mas por pessoas do mundo inteiro, “algumas peças são compradas e levadas para o Brasil. Esse projeto é a minha melhor terapia”, comemora Sônia.
A sensibilidade que a Kátia teve ao criar o projeto mostra que as participantes do grupo estão sendo beneficiadas. Rose conta que com o marido desempregado, o que está ajudado no sustento da família por um tempo, são as vendas das peças criadas por ela. São peças feitas em biscuit, uma mistura de amido de milho, cola branca para porcelana fria e limão. Fazendo do artesanato o apoio à renda familiar, Rose também comemora por fazer parte dos “Arteiras do Brasil”. “a criatividade é uma das nossas grandes características. O povo brasileiro é muito criativo. Estou muito, muito feliz com o resultado dessa parceria”, enfatiza Rose.
Para Kátia o projeto fortalece a rica cultura brasileira, gera renda e trabalho para inúmeras mulheres que estão no Líbano, “Nós estamos organizadas em coletivo. Incentivando o empreendedorismo e nos ajudamos na venda dos produtos. Foi uma forma que encontrei de desenvolver um trabalho de responsabilidade social no Líbano com foco na mulher brasileira”, explicou.