Eu amo o meu país, mas aqui no Líbano eu construí a minha vida.
Mohamed Saleh Ali é filho de imigrantes libaneses. Nasceu em Lages, cidade do interior de Santa Catarina. Aos 23 anos, junto com os pais, segui rumo ao Líbano. Foi amor à primeira vista pela pequena cidade de Kefraya, cidade de origem dos pais, localizada no Vale do Bekaa.
Recém-chegado na pequena cidade, foi trabalhar no exército libanês. Casou-se com uma libanesa e da união, nasceram três filhos. O trabalho no exército libanês durou por um período de 24 anos. No decorrer do tempo, Mohamed serviu o exército nas duas últimas guerras que o Líbano viveu. Na primeira guerra que enfrentou para defender o Líbano, ainda muito jovem, no início da década de 80, o brasileiro passou meses vivendo em clima de incertezas.
Segundo ele, foram tempos difíceis, medos, e uma vontade de voltar para os braços da família. Em 2004, acreditando que era o momento de descansar, o brasileiro entrou para reserva e resolveu tirar férias. O destino escolhido não poderia ser outro. Chegou o momento de amenizar a saudade do Brasil. Saudade que machucava, mas já não era mais possível recomeçar no país em que nasceu.
Em 2006, assim que retornou do Brasil, foi convocado para guerra entre o Líbano e Israel. Os conflitos começaram em 12 de julho de 2006 e terminou no dia 14 de agosto do mesmo ano. Foram dias sangrentos, que resultaram na morte de muitos libaneses civis. Diante do cenário de guerra, dos ataques de Israel, Mohamed carregava no coração a certeza de que voltaria para casa. Único brasileiro servido o exército libanês durante a guerra, ele afirma que não deixou de acreditar que voltaria para casa com o gosto de dever cumprido. Após o final da guerra, o brasileiro decidiu que era momento de ficar mais perto família.
Resolveu construir. Construiu uma grande e linda casa em um terreno bem alto e de lá, é possível contemplar as belezas do Bekaa. Há três anos, para alegria da família, chegou sua a pequena neta. A felicidade da casa dos avós. Perguntado se trocaria o Líbano pelo Brasil, o brasileiro é firme. “Não, não troco! Eu amo o meu país, mas aqui no Líbano eu construí a minha vida ao lodo dos meus familiares. Aqui me sinto seguro”, finaliza Mohamed.